segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

XI.

estar só. é fazer morrer por dentro. a voz que nos acompanha. nem deus. maldito. soube. o que me deste. as tuas mãos limpas de mim. nem mar. soube o que tu foste. se espuma ou vento. ou sequer. que me trouxeste até ao fim dos dias. e se houveram dias. que chegaram ao fim. não foram escritos. pelas noites.

chuva. copiosa. sou um trapo. velho a encolher sobre as poças no chão.

vai.

trazes um abraço. marcado no peito. e eu. não sei o que fazer a tanto de mim. para dar. que parti. triste -  e chovia nesse dia. triste.

meu amor. escrevi. todas as promessas por cumprir. e não me arrependi de nada.


domingo, 13 de dezembro de 2015

X.

vazio. imenso. do tamanho da minha mão fechada. não sabias. que na minha mão. já coube. um pássaro. a lutar pela vida. um coração. que batia devagar. e um lápis. que escrevia. palavras ao acaso. e de tudo o que disse. não se ouviu. um único. lamento. e eu. lamento tanto. que na minha mão já não caiba mais nada. juro. que agora sou. uma brisa. fechada por debaixo da porta. que remédio. sou. que nem cura tenho. e agora. que sabes. quem sou. eu já não quero saber. se de mim. esperam destino ou causa. e se a razão me abandonou a este lugar. sem ti. já não há nada. depois.

fiquei negro. sem estrelas. 

de onde vim. havia um lugar para lavar as mãos da vida. negras. e sem estrelas. e depois. de morrer.
eu sei.  que depois. do amor. não resta nada. 

nem guerra. fiz. neste teu dia. nem mar. soltei. de dentro de mim. neste momento. em que rasgo um sorriso. de frente para ti. e se morri. foi de propósito para que consciente fosse morar para longe de tudo. o que foi vazio dentro das minhas mãos. parece. que ainda ouço o balançar do coração do pássaro. a morrer. ainda leio. as palavras. daquele lápis. oco. e triste. e solene.