domingo, 28 de agosto de 2016

XLI.

hoje. não me apetece viver. 

tenho toda a vida nas minhas mãos. de uma forma. injusta. não há tempo. para que o coração se apague. nao há. esquecimento. ou amor. para te oferecer. 

desdém. de vida. 

sábado, 20 de agosto de 2016

I. parte.

.conhece. a sensação. de conduzir um carro. pela noite. completamente só. de olhar nu. certamente. já quis escrever sobre esse sentimento. metálico. de entrar sozinho pela escuridão. de uma forma mecânica. sem corpo. excepto. a frieza calculada da chapa. negra. daquela caixa com rodas. a roer. a estrada. eu sei. o mundo nessa hora. é pequeno. tal qual. o coração que transborda. eu sei. às vezes pareço um cão. raivoso. a devorar o caminho. que se estreita na boca a salivar. nesse. tempo. não existem sombras. nem a glória. fundada na manhã. que o sol. ainda não aqueceu. só. noite. só. alma. escura. para que os demónios. que normalmente habitam. todas as camadas da derme. até à carne crua. possam respirar. na espessura triste. do nosso medo. eu sei. todos sabemos que após. desligarmos o motor. cansado. daquele monte de ferro. somos livres. porque já não temos onde chegar. nem horas para cumprir. nem ninguém. para abraçar. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

XL.

estou. imóvel. quieto. estragado. talvez. nunca venha a conseguir. dizer. uma única palavra que descreva. a forma como. me. abandonaste. como morreste. e. eu. acreditei que tu. fosses. como o vento. a chuva. e a água que corre. no rio. a onda enrolada. no fim da maré. 

(não quero saber que o tempo tenha feito de mim um homem esquecido de todos os corações ainda por encher de sangue.)

estou. irremediavelmente. ligado. a tudo o que te leve à morte. ao amor. e ao fim.