terça-feira, 5 de abril de 2016

XVII.

demorei-me mais. do que habitual. a ver o mar. a adormecer. foi naquele dia. onde tudo desapareceu. tombando-se para dentro da terra. como um barco desabitado. 

a espera. matou-me. e naquele espaço entre as coisas. que trazia no bolso. dei por mim. a vaguear pela cidade moribunda e doente. a noite encaixava perfeitamente sobre o chão. molhado de uma chuva caída em qualquer. momento. louco. e os meus pés. fundiram-se no negro. da estrada. 

reparei. que não me movia. que o cheiro do teu corpo nas minhas mãos. já não me oferecia. o tempo da vida. e que o mar. que tantas vezes me salvou. de ti. cresceu. e abalou para outro lugar qualquer. que eu já não conseguia habitar. 

é triste. que não sofra de lentidão. a fazer luto às coisas. que antes obedeceram à minha vontade de amar. e que não saiba ver. o que tantas vezes tu. viste. 

e que não saiba. dizer. o que tantas vezes. me disseste. do que se tira. e se subtrai ao fogo imenso da nossa alma. que até mesmo a nossa capacidade de amar. se extingue. consequentemente. até ao vazio e à terra. 

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