terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

m.

voltei ao mesmo lugar. onde te tive. de dentro do coração. até ao fim. da minha boca. passei pelas mesmas sombras. que calcavam. o caminho. para dentro do chão. dei.te. a mão. em silêncio. quando fechei. os olhos. e fiz. pendente. a tua memória. só para me fazeres companhia. os teus dedos longos. as tuas unhas. perfeitamente arranjadas. as tuas botas. gastas. a marcar o meu caminho. e o teu queixo. a encolher-te os lábios. naquele gesto de candura.

naquela noite. o vento. encostou-se. sobre o telhado daquele quarto. e só abalou. quando te sobraste no sono. e eu. a ti. abraçado. escolhi. o teu nome nos meus lábios. e não o disse. por medo. de que te fosses. para onde te chamassem. deixei no teu cabelo. tudo o que respirei. e dentro de mim. só havia. o teu rosto.

sabes. que já não tento. saber. como é viver sem ti. sem te abraçar.
sabes. que não sei.

os teus beijos. ainda me marcam os lábios. o que me mordeste. não saberia contar. sem te prender. os gestos. dos teus lábios nos meus. e as tuas mãos que ainda hoje. me percorrem o pescoço. quando vou. até ti. todos os dias.

eu vou. até ti. todos os dias.

e quando te disse. que te amava. puxei.te. para cima. até ficar mais baixo que o teu rosto, a janela por detrás. deixava. a luz. encolher-se sobre ti. a flor. que te dei. ali. abraçada. ao canto. e o teu cabelo sobre os teus ombros até ao peito. e na ternura. dos teus olhos. disse. sabes. eu amo.te. e nunca mais fui. até ti. dizer-te isto. e nunca mais fui. até ti. abrir o meu coração. a todos os meus sonhos e medos. e loucuras. e desejos. e nunca mais fui até ti. para te abraçar. nos teus dias em que me querias também. eu sei. gosto de pensar. que sei. mas não sei absolutamente nada. de ti. meu amor.

e o mar. não é o mesmo. sem ti. perdeu. o azul. ficou o cinzento. ficou. como eu. em espuma.

Sem comentários:

Enviar um comentário