sexta-feira, 18 de março de 2016

XV.

estás só.


ouves as folhas das árvores a cair. chove pouco. a chuva miúda. molha parvos. os carros passam na estrada. com os pneus colados. ao alcatrão. ouve-se aquele grito mudo. do asfalto e do pneu. a rasgar-lhe a carne. as luzes. rumam. para longe. da escuridão. esfregas as mãos. frias. uma na outra. dobras-lhes os dedos. a pele pede. mais. mão. a mão recusa. todas as mãos. do mundo. não chegavam para tanta negação de ti mesmo. estás só. e não há outra forma de estares sob este telhado de estrelas. e vai-se o frio. há um estranho a passear. nos cantos. deste mundo. e não és tu. nem ele. não é ninguém. 




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