domingo, 26 de junho de 2016

XXXI 

venho até aqui. sempre que posso. enquanto a vida me adormece as mãos e me destina os dias. venho até aqui. para. encher o coração de memórias. de tempo. de coisas mortas. de coisas que julgava perdidas. aqui. tudo o que me enche o coração. cheira a terra molhada da chuva. pisada pela multidão de árvores. que o vento. atou. aos braços do horizonte. aqui. posso ser uma pedra no chão. ou um pássaro no ar. uma folha presa a um ramo. o movimento perplexo das mãos nos bolsos. o assobio manchado no caminho. a lâmpada gasta que ilumina a rua. o reflexo de um rosto numa janela. e em todas elas. não sou eu. não que tudo isto seja. a mais clara negação do meu ser. mas porque antes me perdi em todas elas. 

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